Cultivar a virtude da prudência é imperativo para todo ser humano que busca a sua verdadeira felicidade.
Essa afirmação pode parecer estranha para muitas pessoas, já que a sociedade atual prega que felizes são aqueles que vivem de acordo com seus impulsos e livres são aqueles que agem sem “amarras”. Mas isso não é uma verdade. Apenas os animais irracionais vivem comandados pelos seus impulsos e ao contrário de liberdade, eles são escravos dos seus instintos e desejos.
Quando essa impulsividade se estende para a nossa tomada de decisão — e normalmente se estende —, podemos muitas vezes fabricar mais e mais problemas. Essa tomada de decisão imprudente nos rouba a paz e consequentemente a felicidade.
A ciência diz que o ser humano toma em média 35 mil decisões por dia. A grande maioria dessas decisões é tomada inconscientemente, ainda assim, nosso dia é permeado de muitas situações que exigem de nós um posicionamento, uma tomada de decisão.
Tudo o que fazemos, todas as decisões que tomamos é para buscar a tão almejada felicidade.
Se, por exemplo, tomamos a decisão de casar, mudar de emprego, ou simplesmente fazemos metas para o novo ano, tudo isso é visando sermos mais felizes, caso contrário nem cogitaríamos perder tempo e nos expormos a essas possibilidades.
Mas, quantas pessoas tomam decisões e percebem que estas não cumpriram com o propósito de fazê-las felizes?! Nós mesmos, tantas vezes já tomamos decisões que nos geraram frustrações. Onde será que erramos?! Uma das possíveis respostas a esta pergunta pode estar no fato de não termos tomado estas decisões de maneira prudente.
Neste artigo falaremos um pouco sobre essa virtude que está muito em falta atualmente, a virtude da prudência: a arte de decidir bem.
O que você encontrará a seguir:
- O que é a virtude da prudência?
- As 4 fases da prudência
- Prudência X Covardia
- Benefícios de se agir prudentemente
- Como ser uma pessoa prudente?
- Relação entre a prudência e a produtividade
- Prudência e temperamentos
O que é a virtude da prudência?
O Catecismo da Igreja Católica (n. 1806) afirma que “a prudência é a virtude que dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os meios adequados para realizá-lo”.
Chamo a sua atenção para 4 pontos essenciais que nos esclarecem um pouco mais sobre esta grande virtude.
- A prudência dispõe a razão a discernir o melhor em cada circunstância, ou seja, esta é uma virtude intelectual. Ela busca a verdade em cada situação e para isso utiliza-se da razão;
- Esta virtude aplica a razão prática nessa análise, ou seja, pressupõe a realização de alguma coisa, a decisão a respeito de uma ação a ser realizada — ou não — e não apenas uma abstração;
A prudência:
“permite-nos ponderar corretamente uma situação, discernir o bem, escolher os meios mais adequados para alcançá-lo e… agir”. Francisco Faus
- O foco da virtude da prudência é defender o verdadeiro bem e buscá-lo em todas as circunstâncias;
- Ela também busca os meios adequados para a realização desse bem.
A prudência é a “virtude-guia da vida” é a “mãe das virtudes”. Não existe reta prática das virtudes, sejam elas cardeais (justiça, fortaleza, temperança) ou teologais (fé, esperança e caridade), sem a prudência para orientar, organizar e ajudar a discernir quando, como e onde as realizar.
A prática desta virtude nos diferencia dos outros animais, já que ela nos propõe agir de um modo racional, refletido, pensado e intencional visando um objetivo — não qualquer objetivo —, coisa que os outros animais são incapazes de fazer.
Na maioria das vezes, quando nos deixamos levar pelos nossos impulsos e emoções, estamos sendo irracionais e, portanto, estamos sendo imprudentes.
As 4 fases da prudência
Para Santo Tomás de Aquino a virtude da prudência se divide em 4 atos, ou fases:
1. A reflexão
Nessa primeira fase busca-se descobrir do que se trata a referida situação. Para isso é necessária uma análise aguçada de todas as informações disponíveis, conhecer de fato o problema a ser resolvido. Em algumas situações, o resultado dessa reflexão estará em poucos segundos ou minutos diante dos nossos olhos, em outras, porém, será necessário mais tempo, talvez uma conversa com alguém mais experiente, ou um momento de estudo a respeito da situação.
Não podemos ter preguiça de pensar.
Uma vida vivida sem reflexão é um eterno “apaga incêndios” e não foi para isso que fomos criados.
2. O juízo
Nesse segundo ato elencam-se as possibilidades de ação viáveis a serem realizadas.
Mas quem vai nos dizer se essas são ações realmente adequadas?
A nossa consciência!
Por isso, para sermos realmente prudentes precisamos ter uma consciência bem formada, caso contrário é provável que nos enganemos.
Formando bem a nossa consciência:
Aqui vão 3 dicas do que podemos fazer para termos essa consciência bem formada:
I. Para os cristãos, o primeiro passo para ter uma consciência bem formada é se aprofundar e seguir os ensinamentos deixados por Jesus.
“Ele fez bem todas as coisas.” (Mc 7,37).
Assim teremos um bom critério para julgar o que é certo e o que é errado; o que convém, o que não convém.
II. Buscar viver uma vida coerente com aquilo em que acreditamos.
Procurar viver uma vida com unicidade de comportamento; fugir das dicotomias: “no trabalho sou uma, em casa, com meu esposo, outra, com minhas amigas, outra”.
Uma vida incoerente e dúbia destrói a personalidade e adoece a alma, já que chega um momento em que a pessoa está perdida para si mesma, não se reconhece mais, não sabe mais quem é e, portanto, não terá critério para julgar sua consciência.
III. Cultivar outras virtudes humanas.
Para sermos verdadeiramente felizes, precisamos de todas as virtudes. Essa conquista não acontecerá da noite para o dia, é uma luta para a vida toda. Apenas quando morrermos poderemos descansar dessa busca. Mas longe de ser um peso, é uma libertação.
Imagine a nossa vida como a construção de uma casa. Para que esta casa seja firme e perdure segura por muitos anos é necessário ter uma boa fundação. As estacas dessa fundação são as virtudes.
Muitas vezes as coisas não funcionam como deveriam em nossa vida por falta de cultivo de virtudes.
A pessoa que não luta para ser melhor acaba sempre sendo arrastada pelos ventos dos sentimentos, do capricho, do egoísmo… Essa pessoa, dominada por esses sentimentos, não terá alegria.
Escolha uma virtude e comece a trabalhar para conquistá-la. Estamos no início do ano, é um momento ótimo para começar esse exercício.
A medida que você for tendo atitudes relacionadas a essa virtude e for crescendo nela, outras virtudes vão aparecendo juntamente.
Caso você tenha interesse em se aprofundar mais sobre o tema das virtudes, indico o livro: A conquista das virtudes.
É um excelente livro, de forma simples e clara o autor discorre sobre as virtudes, traz reflexões e dá dicas do que fazer para conquista-las. Recomendo bastante a sua leitura.
3. A decisão
Nesta fase, a prudência comanda, já que uma vez analisadas as informações disponíveis e as ações possíveis, escolhe-se um ato a ser realizado.
4. A realização
Na última fase é o momento de executar com firmeza o que foi deliberado com prudência.
Uma vez tomada a decisão, precisamos seguir em frente e proceder de acordo com ela. Nesse momento podem aparecer dificuldades, medo, cansaço, porém a decisão já foi tomada, devemos agir de acordo, exceto se chegarmos a conclusão de que houve um erro no discernimento e nesse caso é preciso ter humildade para retificar o caminho e recomeçar.
Prudência x Covardia
O catecismo da Igreja católica afirma que a virtude da prudência “não se confunde com a timidez ou o medo”(n.1806).
A covardia é o recuar perante o medo. O oposto do medo é a coragem, porém ela só será virtuosa se também for prudente.
O medo se caracteriza pela presença de um sentimento inquietante ante uma ameaça real ou imaginária, presente ou futura. Ele tem a função primordial de nos proteger. Desde que esteja em um nível normal, é positivo sentirmos medo, já que a sua falta é tão prejudicial quanto o excesso. Quem não sente medo tende a se expor desnecessária, irresponsável e imprudentemente.
Não agir por prudência é diferente do não agir por medo.
Na atitude prudente, a reta razão discernirá o que pode acontecer e assim toma a melhor decisão visando um objetivo maior. Diferentemente do medo que aparece muitas vezes irracionalmente e as decisões que tomamos com base nele são também irracionais.
A prudência não nos impede de realizar algo, como o medo tende a fazer, ela nos orienta a melhor forma de fazer tal coisa e se racionalmente chegarmos a conclusão, que o melhor nesta situação é não fazer nada, nada deverá ser feito.
Quais são os benefícios de cultivar a virtude da prudência?
Para resumir e te convencer de que você precisa buscar a prudência na sua vida, seguem alguns benefícios de ser prudente:
- O prudente é focado e consegue conquistar seus objetivos mais rapidamente;
- Ele não sacrifica o que mais quer por um desejo momentâneo. O prudente é focado, sabe escolher ponderando os riscos e prevê os resultados das suas atitudes.
- O prudente tem um senso maior de autopreservação, ou seja, cuida melhor de si e dos outros;
- O prudente tem menos problemas para resolver, precisa apagar menos incêndios, pois se prepara e não cria novos problemas causados pelas decisões imprudentes que toma, logo tem mais tempo;
- O prudente extrai o melhor que a vida pode lhe oferecer, aproveita-a da melhor forma e corresponde a ela à altura;
- O prudente é mais feliz, pois vive conforme a sua natureza humana, racional e não como um animal que se deixa levar por seus instintos. Repito: não foi para isso que fomos criados.
Já que agora você já sabe dos benefícios de ser prudente, vamos para dicas mais práticas de como cultivar essa virtude na sua vida.
Como ser uma pessoa prudente?
Ser prudente não é ser apenas cauteloso ou cuidadoso. Estes são, sim, aspectos da virtude da prudência, mas que não a descreve completamente.
Ser cauteloso é tomar cuidado para evitar o mal. Ser prudente também permite que evitemos o mal, mas vai além disso.
Por exemplo, muitas vezes precisaremos ponderar entre duas coisas boas e discernir o que é melhor para nós nessa determinada circunstância.
Não estamos evitando um mal propriamente dito nessa situação, estamos movendo a nossa ação para o alcance de um bem maior e, portanto, convém abandonar um bem menor.
Então, o que podemos fazer para desenvolver a virtude da prudência?
Aqui vão algumas dicas que poderão te ajudar:
1. Busque o autoconhecimento
O autoconhecimento é o primeiro passo em todo processo de desenvolvimento humano. Você é um ser complexo, possui um temperamento, vivências, marcas, valores, crenças que impactam diretamente a sua tomada de decisão e os resultados que obtém.
Os pés do prudente estão fincados na realidade. Ele está atento ao que está acontecendo dentro e fora de si e com isso pode discernir o que melhor convém no momento em cada circunstância.
Se você acha que precisa melhorar seu autoconhecimento, vou deixar aqui abaixo um artigo que escrevi dando dicas do que fazer para melhor se autoconhecer. Espero que goste:
2. Reflita
Muitos dos nossos dias são bastante cheios e tendemos a passar por eles de maneira automática. Fazemos as tarefas que nos são devidas e não paramos um momento para refletir a respeito do que estamos realizando, do como estamos realizando ou do que nos acontece.
A prudência faz morada nos corações que sabem aquietar.
É preciso parar em pelo menos um momento no dia para refletir sobre os pontos cruciais da nossa vida. Avaliar o sentido que nossos pés estão tomando para então poder fazer a ratificação ou a retificação, se necessário.
Tire 10 minutos no início ou no final do dia para meditar a respeito do que está vivendo, das dificuldades, dos seus projetos, dúvidas. Não deixe que a correria da vida roube de você a possibilidade de agir racionalmente. Pare de ficar apenas apagando incêndios e foque em caminhar intencionalmente na direção que te levará a verdadeira felicidade.
“Maria conservava todas essas palavras, meditando-as no seu coração.” Lc 2, 19
3. Observe mais e fale menos
Você já deve ter ouvido muitas vezes a frase: “nascemos com dois ouvidos e uma boca, devemos, portanto, ouvir mais e falar menos.” Apesar de bastante clichê, ela esconde um grande conselho.
Você não precisa falar tudo que te vem à cabeça; você não precisa ter opinião sobre tudo.
Ouça mais, valorize o que o outro tem a dizer, isso pode te instruir e ajudar na sua tomada de decisão, na melhor escolha das palavras e a encontrar melhores soluções.
4. Esteja preparado/a para as situações
O prudente por ser previdente é também providente.
O prudente está na realidade, atento ao que está acontecendo e com isso consegue “prever” o que pode suceder. Daí o prudente é aquele que estará preparado, pois já que “previu”, ele pode prover os melhores meios para sair bem de determinada situação.
Para isso você precisará ter um mínimo de planejamento e ordem na vida.
Fazer um planejamento semanal, marcando as principais tarefas a serem realizadas e um planejamento diário de organização dessas tarefas em uma agenda já são bastante úteis para que você não seja pego desprevenido naquelas tarefas que exigem uma certa preparação.
5. Não deixe um problema crescer por medo de tomar uma atitude hoje
Existem situações que nos pedem uma posição imediata. Quanto mais adiamos um problema, mas ele tenderá a crescer, logo ficará mais difícil de ser resolvido. Se a análise prudente de uma situação te mostra que algo precisa ser feito logo, faça, não deixe de fazê-lo por medo.
Esteja ciente que nessa vida não existem garantias de sucesso em nada, mas esse não é motivo para não realizar o que se deve.
Relação entre a virtude da prudência e a produtividade
Ser produtivo é ser prudente.
Defendo a ideia de que uma vida sem o mínimo de organização e produtividade é uma vida sem sentido, ou seja, não conduz à felicidade.
Ouso afirmar que quem não visa melhorar sua produtividade diariamente está sendo imprudente. Logo, o contrário também é verdade, quem busca melhorar a maneira como realiza suas tarefas, quem visa ter um mínimo ordenamento em sua vida está sendo prudente e tem mais chances de ser feliz.
Ser produtivo é movimentar-se de maneira consciente e direcionada, buscando equilibrar quantidade e qualidade de esforço, recursos e tempo na realização das suas tarefas.
Perceba que para sermos produtivos precisamos agir de maneira racional, pois se deixarmos nos guiar pelos nossos impulsos e emoções tenderemos a querer o mais fácil, o nosso cérebro buscará economizar energia e assim um sofá aconchegante e um filminho são muito mais interessantes do que realizar aquelas tarefas que demandam algum esforço.
Quem faz o que deve ser feito, no momento certo, utilizando os recursos disponíveis e necessários, gastando o tempo necessário, nunca mais nem menos, está sendo produtivo e também prudente.
A prudência e os temperamentos
E já que por aqui falamos sobre temperamentos, vamos falar diretamente ao coração de cada um dos quatro temperamentos em relação à prudência:
O Colérico e a virtude da prudência
Dentre os temperamentos é o que mais tende a tomar decisões com ousadia, normalmente não possuem medo de arriscar, tomam a dianteira na resolução dos problemas.
Apesar dessa característica ser muito positiva, essa capacidade resolutiva do colérico pode levá-lo a tomar uma série de decisões imprudentes.
Ele precisa aprender a controlar sua impulsividade, o seu desejo de sair resolvendo tudo à “toque de caixa” sem refletir sobre o que de fato deve ser feito.
Dicas para o colérico desenvolver a prudência:
1º Cultive o autodomínio.
Sempre que pensamos no temperamento colérico imaginamos a energia e o calor do fogo. Esse fogo do colérico precisa aquecer e não queimar.
O colérico precisa exercitar a moderação da sua impaciência natural, a raiva que muitas vezes aparece em seu peito.
Dar tempo das ideias maturarem em seu ser, refletir e só após tomar uma decisão são imprescindíveis para o colérico ser prudente.
2º Saiba muito bem quem são seus inimigos.
O colérico é um guerreiro, logo ele terá muita motivação em lutar e ganhar uma batalha.
Porém, é preciso entender quais são os seus reais inimigos para então mobilizar toda a sua força a lutar contra eles.
Para isso, faz-se muito importante conhecer quais são os seus valores mais inegociáveis. Tudo o que contrariar esses valores são seus inimigos, canalize a sua raiva e força para defender esses valores. Isso te ajudará a tomar melhores decisões.
3º Busque ser humilde.
“A humildade é a verdade.”
Reconheça as suas limitações. Sim, você tem limitações — eu sei, estou comprando uma briga com os coléricos que estão aqui lendo. Me desculpe, é para o seu bem, eu juro.
Busque ajuda em relação a elas, converse com uma pessoa mais experiente, um amigo sensato e prudente, um mentor, seja humilde para pedir ajuda quando for preciso, isso fará você crescer muito e evitará que você crie problemas desnecessários.
O Sanguíneo e a virtude da prudência
O sanguíneo ama uma aventura, a novidade o atrai e cria uma motivação que o impulsiona à realização das coisas. Dessa forma, engajar em novas ideias e decidir sobre elas é relativamente fácil ao sanguíneo.
Para ser prudente, o sanguíneo precisará travar batalhas contra dois inimigos: vencer a superficialidade e persistir quando as coisas perderem o brilho.
1. Vencer a superficialidade
O sanguíneo é empolgado. Um otimista. Tende a acreditar que as coisas vão dar certo, que a resolução de tal problema é fácil. Seu otimismo muitas vezes não está amparado em uma análise apurada da realidade.
Assim como os coléricos, é preciso dar tempo das ideias maturarem, deixar um pouco a impulsividade de lado. Ele precisa também se aprofundar nos pontos cruciais da situação a ser decidida, conversar com alguém em quem confie e que tenha uma capacidade analítica aguçada, ou estudar um pouco sobre o assunto, caso a situação peça e permita. Isso o ajudará a tomar melhores decisões.
2. Persistir
Assim como o sanguíneo se empolga facilmente, tenderá também a perder a animação com a mesma rapidez.
O que vai fazê-lo persistir é:
- Saber o porquê está tomando determinada decisão;
- Saber qual a importância e o peso dessa decisão na sua vida;
- Saber quem mais se beneficiará do cumprimento da ação;
- E quais as coisas ruins que poderão acontecer se essa decisão não for tomada e a ação não for concluída com êxito.
Antes de tomar a decisão, reflita sobre esses pontos acima, coloque num papel e tenha-os sempre diante dos seus olhos e na sua mente, isso fará com que você persista quando a sua motivação não estiver mais tão presente.
O Fleumático e a virtude da prudência
As pessoas do temperamento fleumático têm tudo para serem prudentes: elas geralmente são calmas e pacientes, conseguem aprofundar e esquadrinhar as informações de um problema com cuidado, tendendo a ter um juízo eficaz a respeito das situações. A partir dessa análise ela deverá decidir-se por uma ação e é aí que está a dificuldade nas pessoas desse temperamento.
O fleumático tenderá a se complicar na tomada de decisão, ele avaliará e terá muito medo de errar, de contrariar expectativas, de causar um conflito com a decisão que precisa tomar.
Do que o fleumático precisa para tomar decisões prudentemente?
Desenvolver a virtude da fortaleza.
O fleumático, mas não somente ele, todas as pessoas precisam robustecer o “músculo” da fortaleza, caso contrário ficaremos condicionados a viver uma vida na qual quem dita as regras, os caminhos a serem percorridos e as decisões a serem tomadas são os nossos medos e a nossa covardia.
No artigo abaixo falo um pouco sobre como conquistar a virtude da fortaleza. Depois dê uma lidinha:
Algumas dicas para o fleumático ser mais prudente:
1. Não recue perante o primeiro incômodo que uma decisão gere em você. Enfrente e tome a decisão mesmo assim.
Fazer esse exercício te custará muito, mas com o passar do tempo ficará mais fácil.
2. Se exponha a situações desconfortáveis voluntariamente.
Isso, sendo feito repetidas vezes, fará você se tornar mais forte.
Todos nós precisamos acostumar o nosso corpo com algum tipo de desconforto. E minha — mas não somente minha — sugestão para os fleumáticos é o jejum.
Existem vários tipos de jejum que você pode fazer:
- Você pode escolher um dia na semana e pular uma refeição, o café da manhã, por exemplo;
- Pode escolher um alimento de que gosta bastante para não comer em determinado dia;
- Ou ainda pode fazer as refeições de um dia tendo como base um alimento ou um grupo específico de alimentos.
Essas são algumas formas de fazer jejum ou abstinência, essenciais para todas as pessoas, mas imprescindíveis para o ordenamento do fleumático.
O Melancólico e a virtude da prudência
Assim como o temperamento fleumático, o melancólico é um temperamento frio. As informações que chegam até as pessoas desse temperamento precisam de um tempo para serem processadas, assimiladas. Não há a imediata necessidade de expandir, de extrair uma resolução, de falar. Isso forma um campo fértil para o maturamento de ideias e decisões prudentes.
Porém, nem tudo são flores. Algumas tendências naturais desse temperamento podem atrapalhar a boa tomada de decisão.
Para o melancólico ser mais prudende
São 3 os pontos de atenção que o melancólico deve buscar amenizar para que ele se torne mais prudente:
1. O melancólico tem uma necessidade imensa de aprofundar as informações, logo ele pode não se sentir preparado para decidir sem antes fazer esse aprofundamento. Ele tenderá a remoer, estudar, caso a situação permita, tudo isso para que essa decisão seja a mais perfeita possível.
Dessa forma gasta-se muito tempo e esforço que muitas vezes não são proporcionais ao problema que precisa resolver. Por consequência ele estará sendo imprudente, pois o medo de errar o faz desperdiçar recursos.
Melancólico, o que você deve fazer?
- Lute contra o perfeccionismo;
- Entenda que os erros são naturais e tudo bem errar. O erro faz parte de todo processo de crescimento. Só não erra quem não está em movimento.
2. Outro problema que acomete uma grande parte dos melancólicos é que eles tendem a ter um pensamento pessimista em relação às coisas.
Se eu já olho para as situações com um olhar pessimista, achando que não vai dar certo, o meu empenho e energia já estão em desfalque antes mesmo de iniciar a luta.
O que você deve fazer?
- Todos os dias liste coisas pelas quais você é muito grato/a. Veja como a vida é colorida e quantas coisas existem na sua vida que são verdadeiras bênçãos.
- Exercite o otimismo. Tente racionalizar os pensamentos pessimistas que aparecerem em sua mente. Perceba que em sua história, as coisas que sua imaginação trabalhou para criar raramente aconteceram.
3. O melancólico é um excelente analista, porém geralmente é um péssimo executor. As pessoas desse temperamento precisam aprender a materializar suas ideias, externalizar através da ação o que foi deliberado com prudência.
O que você deve fazer?
- Vença o medo de mostrar suas imperfeições. Você não é a única pessoa nesse mundo que é imperfeita. Está tudo bem você errar em algum momento, você é humano/a e os humanos erram;
- Vença o medo do desconhecido, assuma riscos. Nunca haverá garantias de que a decisão que você tomará levará exatamente ao resultado pretendido e isso não é motivo para recuar. Melancólico, força e coragem! Você é livre para escolher agir, mesmo que o medo esteja presente.
Essas dicas não são exclusivas para pessoas de cada temperamento especificamente, mas são dicas para todos que se identificarem com as características citadas, independente do temperamento que possuam. As imperfeições estão presentes em todas as pessoas, umas devido ao temperamento, outras devido a outros fatores, mas todos nós somos covidados a trabalhar para adquirir as virtudes opostas aos vícios que temos.
E finalmente…
É fato que todos nós buscamos a felicidade.
Que maior felicidade poderemos querer senão a proporcionada pela nossa ação consciente direcionada para o Verdadeiro Bem?! Foi para isso que fomos criados e nossa felicidade só estará completa se buscarmos e enfim conquistarmos este Bem.
“Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.” Santo Agostinho
Em um mundo que muitas vezes valoriza a impulsividade, a prudência se destaca como uma luz guia, iluminando nossos caminhos e conduzindo-nos para uma vida mais significativa, realizada e feliz.
Neste artigo vimos um pouco sobre esta grande virtude, espero que tenha feito sentido para você e te ajude a tomar melhores decisões.
Que a prudência seja sua guia na busca constante pelo bem-estar duradouro.
Te vejo no próximo artigo!
Gostou do tema? Este artigo foi escrito em grande parte inspirado em um pequenino livro, A arte de decidir bem: A virtude da prudência, do padre Francisco Faus. Ele é uma preciosidade. Indico sua leitura para quem quer se aprofundar um pouco mais no assunto.